Thiago Wenceslau é arquiteto de software e consultor em uma empresa de tecnologia, onde, inclusive, entrou em contato com o desenvolvimento low-code e se especializou neste mercado.

Ele é um dos palestrantes do evento “Mindset inovador: o que podemos aprender com o Vale do Silício?”, que será realizado em São Paulo no próximo dia 29/11.

Confira a entrevista que fizemos com Thiago sobre tendências no mercado de tecnologia. Não deixe também de se inscrever para participar do evento, que é gratuito. Clique aqui!

Como o low-code ajuda a simplificar o trabalho de uma equipe de TI?

No meu ponto de vista, o low-code facilita porque realmente padroniza a codificação. Oferece uma ampla plataforma, que engloba as principais tecnologias e frameworks que utilizamos no dia a dia do desenvolvimento. Então, conseguimos centralizá-los em uma única plataforma, ganhando produtividade e agilidade. Conseguimos fazer tudo isso visualmente. Sem contar as ferramentas de front-end, de geração de telas e de geração de códigos, que agilizam muito o processo de desenvolvimento.

Temos um ganho de tempo e de produtividade muito grande, em relação a um processo normal, no qual é preciso implementar várias linguagens de programação para gerar um sistema.

Com uma plataforma low-code, conseguimos desenvolver um sistema de forma quase 100% visual.

Como os desenvolvedores se sentem em relação ao low-code? Há resistência em adotá-lo?

Com certeza. Nós temos uma certa resistência porque o programador que nós chamamos “nativo” está acostumado a programar ‘na unha’, resolver tudo com códigos.

Quando você tem uma plataforma, que tem os seus padrões, e você precisa entender como ela funciona e como tirar o melhor proveito dela, você cria uma certa resistência.

No caso do low-code, os padrões existem justamente para manter esse processo de agilidade no desenvolvimento e a qualidade do código. Há uma certa resistência por causa disso. Mas, o low-code é mais produtivo, você não precisa fazer tudo ‘na mão’. Basta entender a plataforma.

É preciso saber programar para usar uma ferramenta low-code?

Acho que é muito mais fácil, para as pessoas que não são de TI e pretendem entrar na área – principalmente as que conhecem conceito de negócio –, o ingresso nesse mercado de desenvolvimento a partir de uma ferramenta low-code. Inclusive, é possível aprender código utilizando uma ferramenta low-code.

Quando falamos do Cronapp, ele oferece a possibilidade de o usuário ver o que está sendo escrito, o que foi gerado. É claro que, se a pessoa tiver um conhecimento maior, ela conseguirá realizar mais customizações. Ou seja, terá uma ligeira vantagem se tiver um conhecimento técnico. Mas, de início, não precisa. Basta conhecer uma lógica de programação e um pouco de negócios que ela ‘consegue andar’.

A seu ver, o que uma plataforma low-code precisa oferecer para que seja atrativa para uma empresa ou negócio?

Vejo que o primordial é agilidade e produtividade no desenvolvimento. É isso que as fábricas de software e empresas de tecnologia buscam.

Sabemos que a agilidade e a produtividade não são as mesmas quando estamos desenvolvendo um código nativo. Também é preciso [para uma plataforma] manter a qualidade, o padrão da codificação.

Cada desenvolvedor tem um jeito de desenvolver e [no desenvolvimento tradicional], há um custo grande para manter padrão de arquitetura, manter padrão de código, o que gera um determinado esforço de acompanhamento, porque, se o código não tem esse acompanhamento, criamos um sistema cuja manutenção é muito custosa.

É possível desenvolver aplicações complexas a partir de uma plaforma low-code, como o Cronapp?

Pensando no Cronapp, sim. O Cronapp é uma das poucas ferramentas que te dão a possibilidade de fazer customizações e desenvolver uma aplicação complexa, web ou mobile. Oferece a possibilidade de complementar algo que precisa de uma customização maior através de código. Você insere o código e consegue acoplar esse código externo na plataforma.

Não são todas as plataformas que oferecem esse mesmo recurso. Na verdade, não são todas as plataformas que te exibem o que está sendo feito por trás. A maioria das plataformas são bastante encapsuladas. Você só vê o visual e não tem acesso a código.

É bom e ruim. Bom, porque mantém um padrão. Mas, te restringe um pouco. Então, o Cronapp te dá essas duas possibilidades: poder inserir um código manualmente, assim como acessar o código que foi gerado no sistema. Acho que é uma das principais diferenças em relação às outras plataformas que conheço no mercado.

O Cronapp não tem lock-in, ou seja, não possui uma política de tecnologia proprietária. Você acha que isso é importante para quem desenvolve projetos na plataforma?

Sim, é primordial comercialmente. Algumas empresas, principalmente órgãos estatais, costumam ter certa resistência quando falamos em plataforma proprietária.

Essas instituições batem muito na tecla do open-source ou free, não querem ter muito custo com servidor proprietário. Quando você trabalha com uma plataforma low-code que só oferece código proprietário, você perde um pouco de mercado. Inclusive, já presenciei isso em empresas onde trabalhei com outras plataformas low-code, totalmente baseadas em sistemas proprietários.

Qual a diferença entre low-code e no-code?

No-code e low-code são termos, inclusive, bastante parecidos. O objetivo dos dois é quase o mesmo também: simplificar o desenvolvimento de softwares e aplicativos.

O que eu vejo como principal diferença entre eles é que, como o próprio nome já diz, o no-code não utiliza código algum durante o desenvolvimento, é totalmente visual. Baseado nos componentes de arrastar e soltar. É uma plataforma mais simplificada do que a plataforma low-code.

Eu ainda vejo o low-code com uma certa vantagem, porque às vezes há necessidade de se customizar alguma coisa e, nesse caso, eu acho que é interessante o desenvolvedor ter esse acesso à implementação do código.

O no-code não te permite isso. Ele é bem focado para quem realmente não tem conhecimento algum de desenvolvimento e técnicas de programação. É mais prático para quem não tem conhecimento técnico e quer desenvolver um aplicativo rápido. No meu ponto de vista, ele perde quando se precisa de alguma customização ou uma aplicação mais avançada.

O no-code ofereceria, então, uma limitação para o desenvolvimento de uma solução inovadora?

Justamente. Eu acho que, por enquanto, a tendência que vemos no mercado é uma evolução muito grande no low-code, que oferece a possibilidade de desenvolver quase tudo utilizando a parte visual e demanda pouca customização. O usuário entra com a parte de código e técnica.

O no-code deve ser utilizado em aplicações menores, aplicações de testes para protótipos realmente simples, que não têm necessidade de recursos muito avançados.

Eu ainda abraço o low- code, que consegue atender a todas as necessidades de web e mobile.

Você acredita que, no futuro, as pessoas não precisarão mais aprender a programar para desenvolver softwares?

A codificação nativa não vai desaparecer completamente, acho que isso é impossível. Mas, o low-code vai ganhar bastante mercado, e os desenvolvedores terão que focar mais em conceitos de desenvolvimento e lógica de negócios, principalmente.

Já se estuda a implementação da inteligência artificial dentro de algumas plataformas low-code, de forma que a própria ferramenta sugira a inclusão de blocos de códigos baseados no que ela vem aprendendo durante o seu uso.

Então, quando você começar a digitar um código, ela te oferecerá outros blocos de programação mais completos, que sejam pertinentes à aplicação desenvolvida.

Utilizar a inteligência artificial como aprendizagem no dia a dia de desenvolvimento automatizará cada vez mais o processo de programação nas plataformas low-code. Então, o desenvolvedor precisará ter mais conhecimento de negócios e conceitos do que necessidade de acompanhar essa grande quantidade de frameworks e tecnologias que temos no mercado hoje.


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